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Photo Patricia Walter de Castro
Traduzido para o português por Patricia e Walter de Castro.
and coordinated by Director DFI
Photo Jeanne Griffin

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Page # 1

PREFACE

Em Novembro de 2007, Muhammad Akram recebeu um convite dos organizadores da "Conferência Internacional sobre Turismo Acessível" (International Conference on Accessible Tourism) para compartilhar suas experiências como uma pessoa surda no turismo. Essa conferência foi conjuntamente patrocinada pelo Ministério de Turismo e Esporte, pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Seguridade Humana, pela Administração Metropolitana de Bangkok, pela Comissão Econômica e Social para a Ásia e o Pacífico das Nações Unidas (UNESCAP) e pela Internacional de Pessoas Deficientes da região Ásia-Pacífico (DPI-AP) no Centro de Convenções das Nações Unidas (UNCC) em Bangkok, na Tailândia.

Na conferência, ele apresentou o trabalho “Turismo Acessível do Ponto de Vista das Pessoas Surdas e Deficientes Auditivos”.

As necessidades das pessoas surdas geralmente têm sido ignoradas no movimento da deficiência. E infelizmente, pessoas com deficiência auditiva quase não são vistas no movimento. Espera-se que este folheto possa criar conscientização sobre as necessidades das pessoas surdas e deficientes auditivas, não apenas no público em geral e nos setores relacionados ao turismo, mas também no próprio movimento da deficiência.

Estas informações não estão sob a proteção de direitos autorais. Você está autorizado a copiar e distribuir as informações, desde que mencione o autor e a organização (DANISHKADAH).

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Apresentação do Autor

 Photo of Author Muhammad Akram é paquistanês, e é surdo. Ele atua no campo da Tecnologia da Informação (TI) desde 1992. Em 2000, começou a ajudar Pessoas com Deficiências. Porque ele próprio é surdo, entende muito bem os problemas e obstáculos que a comunidade surda está enfrentando.

Ele vem trabalhando com pessoa surdas e com outras deficiências nos últimos 7 anos. Viaja freqüentemente e já visitou 9 países na Ásia, no Oriente Médio e na Europa. Ele já participou de vários seminários e conferências nacionais e internacionais. Mantém voluntariamente várias organizações locais e internacionais de Pessoas com Deficiências.

Em 2004 ele foi ser voluntário na Indonésia. Em 2005 foi selecionado pelo Asia-Pacific Development Center on Disability (Centro de Desenvolvimento para Deficientes da Região Ásia-Pacífico) para um curso sobre "Web acessível e trocas de informações baseadas na Web". Em 2006, foi novamente selecionado para um curso de atualização e também teve a oportunidade de fazer uma apresentação em um seminário ESCAP da ONU. Em 2007, foi selecionado para uma sessão de estudo de liderança promovida pela International Federation of Hard of Hearing Youths (Federação Internacional de Jovens com Deficiências Auditivas) em colaboração com o Conselho da Europa. Ele agora está promovendo acessibilidade em informática para Pessoas com Deficiências no Paquistão, tendo escrito um livro sobre o assunto.

Em 2006 ele estabeleceu sua própria organização, chamada "Danishkadah" e está trabalhando para estabelecer um "Knowledge Park" (Parque de Conhecimento), onde o poder da Tecnologia da Informação será usado para capacitar Pessoas com Deficiências e Surdez.

Organizações com que ele está trabalhando:

Presidente fundador - Danishkadah - (Paquistão)

Co-fundador - Sindh Disability Forum (Paquistão)

Diretor Assistente - Deaf Friends International - (EUA)

Consultor e Coordenador de Projetos Especiais - Pakistan Association of the Deaf (PAD)

Voluntário - Matahariku - (Indonésia)

Voluntário - Deaf Tour Assistance Philippines (Filipinas)

Voluntário - Heaven Care Resource Center Inc. (Filipinas)

Também atuou como Secretário de Informática da DPI – Paquistão por 1 ano

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1. Barreiras em embaixadas e consulados

Os turistas têm, freqüentemente, que visitar embaixadas para obtenção ou regularização de vistos ou para pedir informações. Por isso, para o turismo internacional, a acessibilidade às embaixadas ou consulados é importante.

1.1 Guichês escuros

Em meu país, encontrei barreiras de comunicação em pelo menos duas embaixadas porque elas têm "guichês escuros" no balcão de recepção. Como não podemos ver a pessoa do outro lado do guichê, não podemos fazer leitura labial nem observar a linguagem corporal. Este é um grave problema para as pessoas surdas e as que têm deficiência de audição.

O que podemos fazer?

Nós compreendemos as medidas de segurança das embaixadas, e seus encarregados geralmente são corteses e cooperam. Contudo, o problema se verifica nos escalões inferiores do pessoal. Por isso, sugerimos mais orientação para esse pessoal.

1.2 Pague mais, se você é Surdo!

O segundo problema é que, porque muitas embaixadas só existem nas capitais, quando pessoas surdas têm que procurá-las para obtenção ou regularização de vistos, têm que levar seus intérpretes. Isso representa uma despesa extra para as pessoas surdas, porque elas não somente têm que pagar passagens aéreas ou ferroviárias para seus intérpretes, como também acomodação em hotéis e despesas de alimentação.

O que podemos fazer?

É claro que os governos deveriam prover gratuitamente os serviços de intérpretes para as pessoas surdas, ou então, as embaixadas deveriam prover esses serviços por sua própria conta. Também, as associações nacionais de surdos ou HOHs, deveriam tentar criar esse serviço gratuito de intérpretes.

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image or airplane

2. Barreiras em vôos

2.1 Instruções de segurança

A Segurança vem em primeiro lugar e todas as linhas aéreas dão instruções de segurança a bordo. Muitos de nós podemos não dar a devida importância a essas instruções, mas elas são essenciais em casos de emergência.

Embora instruções de segurança impressas e visuais também estejam disponíveis nos vôos, eu duvido que muitas pessoas surdas possam entender essas instruções, visto que nossa língua nativa é a linguagem de sinais e não a língua falada. Portanto, é importante dar essas instruções em linguagem de sinais.

O que podemos fazer?

Vídeos de instrução de segurança em vôo deveriam ser exibidos em linguagem de sinais. Alegra-me informar que existem algumas empresas aéreas (como a TURKISH AIRLINES) que apresentam as instruções de segurança em vôo com tradução em linguagem de sinais (em vídeo). Mas a maioria das empresas aéreas não tem esse serviço.

Eu, pessoalmente, acredito que a “IATA” pode desenvolver essas instruções em Linguagem de Sinais Internacional com a consultoria da Federação Mundial dos Surdos (WFD - World Federation of the Deaf) . Além disso, a “IATA” e os governos também deveriam criar políticas ou leis nesse sentido, para garantir a segurança da comunidade dos surdos.

2.2 Entretenimento durante o vôo

Enquanto preparava esta apresentação, eu falava com meus amigos deficientes auditivos Karina (presidente da IFHOHYP *) e Christi Menheere, da Holanda. As pessoas com deficiência auditiva dependem de sua audição residual e usam aparelhos auditivos ou implantes cocleares. Elas precisam de vozes claras, sem ruídos de fundo, para entender claramente. A Christi comentava, “ Em aviões para longas viagens, há uma TV pequena na frente de seu assento com um plugue para fones de ouvido. Mas isso não funciona com um sistema de loop. As empresas aéreas podem aumentar o conforto dos turistas deficiente auditivos usando filmes com legenda e um sistema de loop.”

*Federação Internacional de Pessoas Jovens com Deficiência de Auditiva (IFHOHYP – International Federation of Hard of Hearing Young People)

O que podemos fazer?

Legendas nos filmes são essenciais. Isto é de responsabilidade dos produtores cinematográficos. As empresas aéreas podem exigir essas legendas para seus passageiros com deficiência auditiva.

Falei com o Dr. Neil Bauman, Ph.D., do “Center for Hearing Loss Help” (Centro para Ajuda à Perda de Audição), sobre sistemas de loop em vôos. Ele disse que “a solução mais fácil para esse problema é um loop para pescoço. Basta conectar o loop para pescoço à saída para fone de ouvido, ligar as ‘t-coils’ de seu aparelho auditivo e ouvir seu programa. Segundo ele, poucas pessoas com deficiência auditiva conhecem os dispositivos existentes que poderiam ajudá-las a ouvir melhor. Às vezes, não são os outros que devem tornar as coisas mais acessíveis para nós. Às vezes as pessoas devem fazer o que podem por si mesmas – e comprar um loop para pescoço ou um Music Links não é tão caro assim.

Isso me faz lembrar que não deveríamos apenas reclamar. Precisamos também procurar as soluções disponíveis. A organização para pessoas deficientes, entre outras, precisam educar as pessoas com deficiências sobre os dispositivos existentes e as soluções disponíveis.

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3. Barreiras em transportes terrestres

3.1 Experiência negativa em estações ferroviárias

Desde que me tornei ativo com pessoas com deficiências, com freqüência preciso fazer viagens de trem. Isso causa frustrações porque não há um sistema visual de avisos nas estações. Na última vez que tive que visitar uma associação de deficientes auditivos, o trem de volta estava atrasado. Não pude esperar e relaxar na sala de espera pois temia perder o trem porque não ouviria os avisos nos alto-falantes e não tinha nenhuma informação sobre a que horas o trem deveria chegar. Assim, sentei-me na plataforma por três horas esperando pelo trem em vez de descansar na sala de espera.

3.2 Experiência negativa no exterior (em ônibus)

photo of a bus Eu estava no exterior e, para economizar, decidi viajar de ônibus. Eu sabia onde estava, para onde tinha que ir e o número dos ônibus que tinha que tomar.

O primeiro problema que enfrentei quando entrei no ônibus era que eu não sabia o quanto teria que pagar ao motorista. Tentei mostrar-lhe no mapa onde eu tinha que ir e dizer-lhe que sou surdo. Pedi-lhe que me dissesse o quanto teria que pagar, mas o motorista estava muito impaciente e não tentava ajudar. Isso fez com que eu me sentisse mal por causa da minha surdez. Um outro passageiro próximo de mim percebeu a situação e apanhou algumas moedas de minha mão e as colocou na máquina cobradora.

Sentei-me, mas o próximo problema já estava esperando por mim. Como era a minha primeira visita àquela cidade, eu não podia reconhecer visualmente o ponto onde teria que descer. Toda vez que o ônibus parava, eu ficava pensando “Onde estou? Será que devo descer neste ponto?” Isso me deixou muito ansioso.

3.3 Experiência positiva

photo showing visual signals system in hongkong trains

Depois dessa experiência negativa, sempre evitei viajar sozinho de trem ou de ônibus no exterior. Mas, no ano passado, eu estava em Hong Kong e viajei muito nos seus trens urbanos sem nenhum problema. Eles têm um sistema de avisos muito claro nos trens, que mostra por onde estamos passando, em que direção estamos indo, além de indicar a próxima estação. Um sistema visual de avisos como esse ajuda bastante, e eu sugiro que todos os ônibus e trens tenham um sistema igual àquele.

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4. Barreiras em alojamentos

Photo of Miss Miles Mutia in laxury lodging in Philippines

4.1 Segurança e acessibilidade

Hotéis e pousadas são uma preocupação constante quando o assunto é turismo acessível. “Estamos seguros neste quarto de hotel?” Sendo surdo, muitas vezes esta questão vem à minha mente, especialmente depois do Tsunami e de terremotos. Falando honestamente, em qualquer caso de emergência, as pessoas surdas não estão seguras em quartos de hotel. Não existe nenhum sistema de alerta para as pessoas surdas. E parece que ninguém está se preocupando seriamente com esse problema que representa um grande perigo.

Outro problema é que não há campainhas visuais em quartos de hotéis. Isso representa uma barreira para pessoas surdas. Em 2004, eu estava na Malásia. Alguém deveria me buscar para um tour pela cidade e, quando chegou, bateu à porta. Mas, sendo surdo, não ouvi a campainha e nem as batidas à porta. A pessoa teve que chamar o segurança para ajudá-lo a me tirar do quarto (sorriso).

O que podemos fazer?

A solução é muito simples, fácil e barata. Existem campainhas visuais e vibradores disponíveis no mercado. Até sistemas sem fio podem ser facilmente desenvolvidos e instalados nos quartos onde haja hóspedes surdos. Apenas precisamos que a indústria hoteleira e os governos levem a sério essa problemática (criando leis e políticas).

4.2 Barreiras de comunicação em alojamentos

Existe sempre um serviço de telefone interno em hotéis, que permite chamar a recepção e os outros quartos. Mas as pessoas surdas não podem usar esse serviço. Se precisarem de alguma coisa, eles têm que ir até a recepção. Se precisam contatar um amigo em outro quarto, têm que ir até o quarto dele.

O que podemos fazer?

Hoje em dia, existem telefones com mensagem de texto no mercado. Existe um telefone sem fio com serviço de mensagem de texto em meu país que custa apenas US$32 e que permite mensagem de texto GRÁTIS. Os hotéis poderiam considerar ter alguns telefones desses à mão para hóspedes surdos.

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5. Restrições alimentares para diferentes religiões

5.1 É “Halal”?

Este último ponto não se relaciona diretamente a deficiência, mas também é um ponto importante quando falamos de turismo. Existem questões de preferência, além de restrições dietéticas tais como “Halal”, “Kosher” e Vegetarianas.

Sendo Islâmico, tenho que estar seguro se o que estou comendo é “Halal”. Quando viajo ao exterior, isso é um grande problema para mim. Por exemplo, um certo alimento pode ser possivelmente Halal, mas se eu não posso verificar os ingredientes, não posso comê-lo. Talvez, pessoas que sigam outras restrições dietéticas enfrentem esse mesmo problema.

O que podemos fazer?

Muitos produtos alimentícios são “Halal”. Mesmo assim, precisamos verificar os ingredientes antes de comê-los. Se o alimento fosse marcado como “Halal”, isso nos ajudaria a ficar seguros. Precisaríamos apenas verificar a marca, em vez de ter de ficar verificando todos os ingredientes usados em um produto. Isto também beneficiaria a indústria de alimentos, pois aumentaria suas vendas.

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Uma sugestão

Quando fui à Indonésia, não sabia que havia um balcão especial para pessoas com deficiências no aeroporto e, por isso, não pude utilizá-lo. Da mesma forma, deve haver algumas acomodações para pessoas com deficiências em diferentes países, mas os turistas podem não estar cientes disso. Por este motivo, sugiro um “Portal de Turismo Acessível”. Embora já existam alguns sites da Web, podemos nos concentrar nos países da região Ásia-Pacífico. Se algum de vocês quiser por essa sugestão em prática, a Danishkadh oferece seu suporte de todas as maneiras possíveis.

photo of 3 doves flying around the globe each taged with Love, Peace and Friendship

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HOPE is the DOOR of STRUGGLE that eventually bring SUCCESS (Akram)
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